Daniel Izzo, CEO da VOX Capital, gestora de investimento de impacto, participa do nosso podcast Venture, produzido em parceria com a Fisher VB e conta como foi dar os primeiros passos do segmento no país.
Trabalhar por números, sejam eles receita, marketshare ou salário, foi algo sobre o que Daniel Izzo se questionou desde o início de sua carreira. Em 2009, resolveu largar tudo e focar na tese de que investimento de impacto daria retorno, fundando a VOX Capital.
Após um primeiro fundo experimental, de US$ 3 milhões, em 2016 a gestora levantou o VOX Impact Investing II. Com os aprendizados do primeiro fundo e uma tese voltada para soluções de tecnologia orientadas para a geração de impacto social positivo, a performance do fundo está entre as 10% melhores do mundo para os fundos de venture capital globais do mesmo ano (vintage 2016), segundo o Pitchbook. Ao longo da última década, a VOX construiu um portfólio de mais de 50 startups e conta com cerca de R$600 milhões em ativos sob gestão.
Em um papo descontraído e intimista ao vídeocast Venture, produzido pela Snaq em parceria com a Fisher Venture Builder, Daniel contou detalhes da sua trajetória, relembrou momentos marcantes do início de carreira e explicou conceitos importantes do segmento, além de dar dicas para aqueles que buscam empreender com negócios de impacto.
Filantropia vs. Investimento de Impacto
Quando abordado sobre o tema, para Izzo, existem espaços de filantropia que negócios não vão ocupar: “Tem soluções que a gente não consegue fazer modelo de negócio, por exemplo: a fome ou ajuda emergencial. Mas tem áreas que você pode oferecer produtos que as pessoas têm que pagar para implementar e os mesmos mudam vidas”. Esses são os negócios em que Izzo focou desde o início: financeiramente sustentáveis ao longo do tempo.
O investidor ainda comenta sobre a necessidade de responsabilidade por parte das empresas e as compara com filhos. “Com o passar dos anos você espera que seu filho aprenda a limpar seus pratos e cuide do seu lixo. Para os negócios é a mesma coisa e aqui não estamos falando só de pagar imposto”.
Brasil, um bom lugar para investimento de impacto!
Quando olhamos o contexto de um país continental com problemas estruturais básicos, onde a população é mal atendida de serviços essenciais, abre-se espaço para a criação de negócios potentes. No bate-papo, Izzo afirma que “se você for discutir oportunidade, interação entre os problemas e o tamanho do mercado, o Brasil é onde cabe a proposta de negócios de impacto”.
Em 2020, os investimentos em negócios de impacto no Brasil somaram pelo menos R$1 bilhão, segundo a pesquisa da Aspen NetWorks Development Entrepreneurs.
E quando comparamos com ESG?
“Quando a gente olha pra ESG, estamos falando de como a empresa está fazendo o que ela faz. Se ela está cuidando da cadeia de valor, respeitando os funcionários, se tem diversidade… Enquanto isso, o impacto está olhando para o quê a empresa faz. Os dois são complementares, idealmente caminhariam juntos, mas isso não necessariamente acontece”. De forma didática, Izzo, comentou sobre a diferença dos conceitos.
Segundo dados do Report ESG feito pela Snaq, em parceria com a Octa, marketplace circular automotivo, cerca de 50% das gestoras brasileiras consideram os princípios ESG nos seus ativos sob gestão. Conforme a Comissão de Valores Mobiliários, existem 147 fundos de investimento que se autointitulam como ESG no mercado brasileiro. Go deeper!
Aos que estão começando a criar
Sabendo da importância e dificuldade de seguir por esse caminho, Daniel encerra o papo com um questionamento aos que estão em dúvida sobre seus próximos passos no segmento: “O legado que a pessoa está deixando ao investir em impacto, não vai servir só para os seus descendentes, mas também para os seus contemporâneos… vale sempre se perguntar ‘o meu eu daqui 50 anos acha que eu fiz uma boa decisão ou eu desisti do meu negócio muito cedo?’ e brinca que foi pensando assim que já está há mais de 13 anos neste mercado.
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